Diástase: a transformação muscular em gestantes
Postado: 29 de setembro de 2015
Uma linha ‘afundada’ que sai da região do peito e vai até, mais ou menos, o umbigo, como se separasse o abdome em dois. Pode soar estranha essa condição fisiológica, chamada de diástase, mas ela é mais comum em mulheres em período de pós-parto do que se pensa.
“A diástase é o afastamento dos músculos do abdome. O organismo feminino prepara o corpo para a gestação e o aumento da parede abdominal nesse período faz com que ocorra esse processo de afastamento”, explica o ginecologista e obstetra Sérgio Hecker Luz, membro da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo).
Ele esclarece ainda que a condição não tem nada a ver com o tipo de procedimento realizado: “Esse processo acontece na gestação e não no momento do parto e, portanto, não há importância se o nascimento ocorre por via cesárea ou normal. A única diferença é que, no caso da cesariana, a cavidade fica acima do umbigo, enquanto no parto vaginal perto do púbis”.
A diástase está muito relacionada aos hábitos da gestante, até mesmo antes da gravidez. O ginecologista e obstetra Carlos Alberto Politano, diretor da Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo (Sogesp) explica: “Dependendo da constituição da pessoa ou da atividade muscular que ela teve durante a gestação, essas linhas podem ficar afastadas e formar um espaço que vai de um a três centímetros. Quando a pessoa contrai o abdome aparece um feixe muscular de cada lado”.
Por isso, é importante ter atenção à postura ao andar, sentar e ao praticar atividades físicas. “Se a pessoa tem uma musculatura abdominal que foi exercitada no período anterior, essa musculatura tem uma capacidade de extensão maior que aquela musculatura que não era exercitada”, esclarece Politano.
Durante a gestação, a má postura interfere diretamente nos feixes musculares devido à mudança na curvatura da coluna, que é resultante do crescimento do abdome. “Uma gestante que era sedentária antes da gravidez deve inserir uma atividade física no seu dia a dia, ativar a musculatura paravertebral e abdominal e cuidar da postura. Hoje, muitas grávidas trabalham sentadas mexendo no computador e passam horas em posições erradas. No pré-natal, costumamos dizer que há dois pilares para uma gravidez saudável: as atividades físicas e a alimentação”, completa.
Na lista de exercícios indicados para as futuras mamães estão: caminhada, hidroginástica, pilates e, até mesmo, academia – caso ela já frequente e seja constantemente assistida por um profissional especializado em treinamento para gestantes. Assim, o mais importante é praticar atividades que se encaixem na rotina da gestante.
Já no quesito alimentação, a recomendação do médico é comer a cada três horas e manter uma dieta equilibrada. “Há vinte anos, a gestante vinha ao pré-natal e sua única preocupação era a gestação, não pensava em comer de forma saudável e se hidratar. Tinha-se a ideia de comer por dois. Hoje é diferente. Quando falamos em comer de três em três horas e em menores porções, muitas falam que vão engordar. Porém, o que engorda é comer só no café, almoço e jantar. O que se precisa ter é uma alimentação equilibrada, e é claro que isso vai influenciar na musculatura, pois é necessário ter uma ingestão proteica balanceada”.
A diástase começa a se formar durante a gestação, mas, muitas vezes, é depois que ela se evidencia. O diagnóstico é realizado por meio de um exame físico em que o médico solicita para que a paciente, deitada, se levante sem o auxílio das mãos. Quando ela está com diástase, os médicos observam uma elevação na região central do abdome.
Apesar de não ser possível prevenir seu aparecimento, é possível tratá-la sem intervenções cirúrgicas, como abdominoplastias, que segundo Dr. Luz, podem atrapalhar gestações futuras. Por isso, é preciso dar tempo ao tempo e investir nos exercícios físicos.
“A maioria das diástases fica imperceptível depois de algum tempo e com o auxílio de exercícios para fortalecer o abdome, como musculação e pilates. Em média, em torno de um ano, as mães já não observam esse afastamento, no entanto, cada organismo reage de uma maneira”, completa.
Segundo Politano, não vale investir numa cinta durante a gravidez, mas depois do parto ela é uma boa opção. “Na gestação, usar a cinta é tapar o sol com a peneira, pois o mais importante é manter uma postura correta para evitar dores. Depois da gravidez, no entanto, é fundamental porque o abdome está flácido e a cinta ajuda a minimizar isso na musculatura”.
Caso você perceba que há uma depressão de mais de 1,5 centímetro entre os músculos do abdome, o ideal é buscar ajuda médica para uma cirurgia plástica. Se houver uma diástase pequena – de 1 cm a 1,5 cm – só com os exercícios, o estiramento das fibras musculares acaba ficando imperceptível. “Mas a atividade deve ser feita com o acompanhamento de um fisioterapeuta, porque ele vai saber trabalhar a musculatura reto abdominal”, pontua o ginecologista.
Publicado por: Susga Diagnostico
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