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Mais de 40% da população mundial sofre de Síndrome do Intestino Irritável

Postado: 28 de setembro de 2015

   O intestino é constituído por duas partes: o intestino delgado e o intestino grosso. O delgado (formado pelo duodeno, jejuno e íleo) estende-se do piloro – válvula que separa o estômago do duodeno – até a junção íleocecal, onde começa o intestino grosso, que vai desembocar no reto.

   Muita gente se queixa de problemas intestinais como cólicas em períodos alternados, gases que provocam distensão do abdômen, crises de prisão de ventre e diarreia, além da sensação de que o intestino não foi esvaziado completamente com a evacuação. Esses sintomas, por sua vez, são comuns a muitas doenças intestinais, como a Síndrome do Intestino Irritável, um distúrbio funcional, sem causa anatômica ou lesões que a justifiquem. Por isso, o diagnóstico desta é de fundamental importância para excluir a possibilidade de patologias mais graves.

   No passado, a síndrome era chamada de colite nervosa e era atribuída apenas a alterações emocionais. Esse nome, no entanto, não estava correto, já que o distúrbio, ao contrário das doenças orgânicas, não apresenta inflamação. Além disso, sabe-se que o intestino tem enervação própria e hormônios que regulam sua capacidade de excretar.

   A coordenação motora do intestino é absolutamente necessária para fazer o bolo fecal progredir nos intestinos. Para tanto, são necessárias estruturas anatômicas (músculos, mucosas etc.), além de mediadores químicos que agem nas fibras musculares e provocam contrações.

   Os principais sintomas da descoordenação do movimento peristáltico são dor e desconforto causado pelo acúmulo excessivo de gases. Muitas vezes, no fim do dia, o indivíduo é obrigado a abrir o cós da calça, porque sente a barriga estufada. Além disso, pode apresentar tanto intestino preso como intestino solto, ou ambos alternadamente, dependendo da irritação que as alterações da motilidade intestinal tenham provocado.

Como o distúrbio ocorre
   Quando o alimento chega ao estômago, através de hormônios e estímulos nervosos, é enviado um comando que estimula as contrações e provoca aumento na motilidade do intestino. Quanto mais longo for o período de jejum que antecedeu a alimentação, maior será o reflexo, o que normalmente ocorre pela manhã, depois de uma noite inteira de jejum.

   Na síndrome do intestino irritável, o reflexo gastrocólico e o movimento de massa estão exacerbados. Nesses casos, as manhãs são difíceis, porque aumentam os reflexos e, consequentemente, aumenta a necessidade de evacuar. Entre70% e 80% dos casos, os portadores da síndrome têm diarreia e evacuam várias vezes depois do café da manhã.

Os riscos
   Um dos problemas desse transtorno é que os sintomas são comuns aos de muitas doenças do intestino. Um deles é a alternância de obstipação e diarreia, que aparece também nos casos de câncer de intestino. Flatulência, dor, alteração na consistência das fezes podem ser sinais de doenças inflamatórias como a retocolite ulcerativa e a doença de Crohn. 
   Caso a pessoa não busque identificar as causas do transtorno intestinal, ela corre o risco de ignorar problemas sérios e que exigem tratamento específico.

O diagnóstico
   É feito por exclusão e leva em conta os sintomas. Se a pessoa tiver menos de 50 anos, fez exames de atividade inflamatória, exames de sangue que não revelaram perda de ferro e anemia, exame de fezes para detectar se o sangue oculto é negativo, além de não existir histórico familiar de outras doenças intestinais, pode-se tentar o tratamento com drogas para intestino irritável e observar. Se não houver melhora, o paciente deve ser encaminhado para colonoscopia.

   No entanto, se ele tiver mais de 50 anos, se o exame de sangue oculto nas fezes for positivo e houver histórico familiar de outras doenças do intestino, a colonoscopia será prescrita imediatamente para excluir a possibilidade de uma doença orgânica grave.

   Dessa maneira, o diagnóstico de intestino irritável é feito ao excluirmos patologias mais graves. Se em menos de um mês o indivíduo não responder ao tratamento medicamentoso, será encaminhado para a colonoscopia.

   A colonoscopia é um exame feito com um tubo flexível e elástico que permite ver por dentro todo o intestino grosso e uma parte do intestino delgado. Apesar da abrangência desse procedimento, caso haja alguma alteração na parte do intestino delgado que o aparelho de colonoscopia não alcança, não será possível detectá-la.

   Num primeiro momento, porém, o exame dá certa tranquilidade e permite tentar o tratamento para a síndrome do intestino irritável. Caso os sintomas persistam, a investigação das causas prossegue.

   Avalia-se o intestino delgado para verificar se não existe algum problema na absorção dos alimentos ingeridos – como intolerância à lactose, por exemplo – ou existe um problema relacionado com o próprio intestino. Para tanto, pede-se um exame de raios-X de trânsito intestinal, visando examinar o intestino delgado inteiro e diagnosticar dificuldades com as enzimas pancreáticas ou a doença celíaca provocada por alergia ao glúten.

O tratamento
   A síndrome do intestino irritável é a patologia intestinal mais prevalente no mundo, até porque a tendência, hoje, é classificar a constipação crônica dessa maneira. Estima-se que 40% da população mundial  seja acometida pelo transtorno.

   Quando se é diagnosticado que o problema é, de fato, funcional e ligado à motilidade do intestino, que não ocorre de forma adequada para a progressão do bolo fecal, geralmente a pessoa fica mais tranquila, uma vez que não existem lesões e não há necessidade de ser operada.

    O objetivo do tratamento é controlar o movimento do intestino e recuperar sua coordenação motora normal, recorrendo a medicamentos e uma orientação alimentar individual.

   Alimentos ricos em fibras solúveis e insolúveis favorecem a formação adequada de um único bolo fecal. Na grande maioria das vezes, porém, a pessoa precisa também de medicação para controlar a motilidade fecal, seja pela ação de hormônios ou por ação direta na movimentação do intestino. Poucos pacientes necessitam de remédios que rompam o vínculo entre alterações emocionais e funcionamento dos intestinos.

   Fibras solúveis são as que formam e compactam o bolo fecal. Normalmente, são encontradas em polpas de frutas e em alguns cereais. Já as insolúveis formam o bolo fecal, mas não têm o poder de compactá-lo. Estas funcionam principalmente como laxantes, e estão presentes nas cascas das frutas e de cereais, além de todas as verduras. De acordo com a tendência da pessoa em apresentar constipação ou diarreia, será recomendada a ingestão de mais fibras solúveis ou mais fibras insolúveis.

   Devem ser evitados alimentos que irritem os intestinos, como condimentos picantes e produtos com excesso de conservantes e a ingestão excessiva de açúcar, principalmente pelo consumo de doces muito concentrados, como brigadeiro e leite condensado.

   Em geral, os portadores da síndrome precisam de remédio, o que não quer dizer que seja de uso crônico e contínuo, como acontece com outras doenças do intestino. Eles podem ser prescritos nas fases de maior desconforto, por não mais do que um ou dois meses.

A pessoa pode viver alguns anos sem manifestações clínicas, por fatores emocionais ou algum distúrbio na motilidade intestinal, mas pode voltar a apresentar os sintomas e ser obrigado a retomar o tratamento.

Publicado por: Susga Diagnostico

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